Foto: Thiago Gadelha
Por Theyse Viana | 31 de Agosto de 2021
Único município que já completou o esquema
vacinal de pelo menos metade dos habitantes foi Guaramiranga
O avanço da vacinação contra a Covid-19 no Ceará, em 7 meses, é
sensível: quase 2,4 milhões de pessoas já tomaram as duas doses ou dose única.
A velocidade, porém, se dá de forma desigual entre os municípios: 46 deles
imunizaram menos de 20% da população (veja mapa abaixo).
O levantamento foi feito pelo Diário do Nordeste a partir do número de
doses aplicadas em cada localidade, disponível no Vacinômetro da Secretaria
Estadual da Saúde (Sesa); e das estimativas populacionais do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O município com a menor taxa de pessoas imunizadas é Caridade, no Norte
cearense, onde só 2.993 dos 22,7 mil habitantes – 13,1% – já tomaram dose única
(DU) ou já receberam a segunda dose (D2) da vacina.
31,2% da população de Fortaleza já tomou as duas doses ou dose única da
vacina contra a Covid.
Guaramiranga, por outro lado, é a única cidade cearense onde mais da
metade da população já foi completamente imunizada: 59% dos habitantes
receberam a DU ou já tomaram a D2.
Em setembro, os municípios do interior do Ceará devem receber 2,4
milhões de novas doses da Coronavac, compradas de forma direta pelo Governo do
Estado ao Instituto Butantan. O quantitativo corresponde a 80% de todos os
imunizantes adquiridos.
2,4 milhões de doses da Coronavac compradas pelo Governo do Ceará serão
enviadas ao interior
A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará
(Cosems), Sayonara Cidade, pontuou, em entrevista ao Diário, que as novas doses
darão “maior celeridade ao processo de imunização no interior”, que está
atendendo, em média, a população entre 20 e 24 anos.
ATRASO NA SEGUNDA DOSE
Além da chegada gradual de doses, outro fator influencia para as ainda
baixas coberturas fora da Capital: o atraso na aplicação da última dose do
esquema vacinal.
O imunologista Edson Teixeira, professor do Departamento de Patologia e
Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia que “o Ceará tem
feito um trabalho muito rápido no sentido de distribuir as doses que chegam e
de aplicação da D2 em que estava aguardando”.
Com as duas doses, você tem uma eficácia muito superior e fica protegido
contra as formas graves da doença. A vacina não faz escudo evitando infecção,
mas faz com que o organismo esteja competente o suficiente para responder à
invasão do vírus.
Por outro lado, Caroline Gurgel, virologista, epidemiologista e
professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC),
aponta que “falhas de comunicação” no processo da vacinação influenciam nos
atrasos, e não só o “desinteresse” das pessoas.
Segundo ela, “falta de cadastros e de uma melhor organização” dos
procedimentos ligados ao agendamento também afetam a velocidade com que as
cidades avançam na imunização dos moradores.
Sayonara Cidade, do Cosems, justifica que “os municípios demoraram mais
a avançar por causa do cadastro no Saúde Digital, mas agora as coberturas estão
boas, de acordo com o esperado”. Com as 3 milhões de doses que chegarão ao
Estado, ela complementa, será possível dar mais celeridade ao processo.
0 comments:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor